quarta-feira, 27 de março de 2013

Cine-debate: O Veneno Está na Mesa

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Cine-debate com a exibição do filme O VENENO ESTÁ NA MESA, dirigido pelo cineasta brasileiro Silvio Tendler.

Este documentário alerta sobre o uso indiscriminado de agrotóxicos no Brasil, país que atualmente é o recordista mundial no uso desses agentes químicos. Muitos venenos utilizados na agricultura brasileira foram banidos em outros países do mundo devido aos seus malefícios à saúde humana e ao meio ambiente, já comprovados cientificamente.

Data: 03 de abril de 2013
Local: Sindipetro-LP
End.: Av. Conselheiro Nébias, 248, Vila Mathias - Santos - SP
Horário: a partir das 18 horas

Evento gratuito! Participe!!!

Povo Munduruku informa desembarque de tropas para esta quinta-feira, 28, e dizem temer massacre



Tropas da Companhia de Operações Ambientais da Força Nacional de Segurança Públicacriada por decreto presidencial no último dia 12 de março, estão posicionadas em Itaituba preparadas para a execução da Operação Tapajós. Conforme informações dos indígenas, os soldados e agentes deverão desembarcar em aldeia Munduruku nesta quinta-feira, 28, para garantir realização dos estudos de impacto do Complexo Hidrelétrico do Tapajós, no Pará.

A denúncia foi feita pela Associação Indígena Pusuru, em carta divulgada nesta quarta-feira, 27. Os indígenas relatam que foram informados, em reunião com a Fundação Nacional do Índio (Funai), em Itaituba, que um grupo de 60 homens da Força Nacional irá para a aldeia Sawre Muybu, também em Itaituba.

No documento, os Munduruku denunciam o governo, que  "vem mandando seu exército assassino para nos ameaçar e invadir nossas aldeias" e temem um novo massacre, "porque há 4 meses atrás numa operação chamada Eldorado foi morto um parente e vários ficaram feridos inclusive crianças, jovens e idosos".

Cerca de 250 homens fortemente armados estão posicionados em Itaituba para a realização da Operação Tapajós. Agentes da Polícia Federal, Força Nacional, Polícia Rodoviária Federal e Força Aérea foram deslocados para as proximidades da Terra Indígena Munduruku com o objetivo de realizar - à força - o estudo integrado de impactos ambientais para a construção do chamado Complexo Hidrelétrico do Tapajós.

O Ministério Público Federal pediu à Justiça Federal em Santarém que impedisse a realização de uma operação policial do governo federal, porque o licenciamento ambiental da usina está suspenso pela mesma Justiça por falta das consultas prévias aos índios. Porém, o juiz Federal indefiriu o pedido. Valendo-se do feriado prolongado da Semana Santa, tradicionalmente maior para o Poder Judiciário, o governo federal desenvolve a operação de guerra.

Leia carta na íntegra:

CARTA DO POVO MUNDURUKU

Nós! Caciques, lideranças e guerreiros do povo Munduruku sempre lutamos e continuaremos lutando em defesa de nossas florestas, nossos rios, e de nosso território pois é de nossa mãe natureza que tiramos tudo que precisamos para sobreviver, mas o governo que devia nos proteger, vem mandando seu exército assassino para nos ameaçar e invadir nossas aldeias, ultimamente nosso povo vem sendo desrespeitado vem sendo, ameaçado por um governo ditador que vem ameaçando e matando nosso povo, usando suas forças armadas como se os povos indígenas fossem terroristas ou bandidos.

Nós, povo Munduruku, repudiamos essa maneira ditadora da presidenta que governa o País. Não aceitamos que policias entrem em nossas terras sem a nossa autorização para qualquer tipo de operação. É um povo especial! Um povo que já existia muito antes deles chegarem aqui, nessa terra onde chamam de Brasil. Brasil é a nossa terra! Somos nós os verdadeiros brasileiros.

Essa semana o governo brasileiro mandou 250 policiais para garantir a força os estudos das hidrelétricas nas nossas terras.

Hoje pela manhã foi decidido na sede da FUNAI em ITAITUBA que 60 homens da Força Nacional irão para a Aldeia sawre muybu, cumprir o decreto expedido pela Presidenta da Republica do dia 12 de março, é uma Aldeia com 132 Indígenas. Estamos muitos preocupados porque há 4 meses atrás numa operação chamada Eldorado foi morto um parente e vários ficaram feridos inclusive crianças, jovens e idosos, na Aldeia Teles Pires.

O governo marcou uma reunião para dia 10 de abril para falar dessa operação. Mas uma vez esse governo está quebrando acordo com o povo Munduruku, por isso não queremos mais reunir com esse governo até que ele pare com essa ação contra a decisão do nosso povo. Pedimos a ajuda do Ministério Publico Federal, para nos ajudar a resolver esses problemas sem que haja mais mortes. Pois não ficaremos de braços cruzados vendo tamanho desrespeito com nosso povo e nosso território.

Povo Munduruku

Jacareacanga, 27 de março de 2013

*Originalmente postado no site do CIMI - Conselho Indigenista Missionário, 27/03/2013.

Para saber mais:

PSC mantém Feliciano à frente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM)


O vice-presidente do PSC declarou, sobre o Pastor Marco Feliciano, que “Nós do PSC entendemos que ele não é racista e nem homofóbico. Pode até ter havido declarações inconvenientes, mas o deputado Feliciano já se desculpou pelas afirmações e qualquer um pode deslizar nas palavras”.

Entendo que, no cargo público, o político é um exemplo para a população e, assim sendo, não tem o direito de "deslizar nas palavras".

Deputado Pastor Marco Feliciano: Assuma os seus erros e renuncie ao cargo de presidente da CDHM, cargo este que, no mínimo, merece alguém que verdadeiramente represente o Estado Laico!

Para saber mais:



terça-feira, 26 de março de 2013

Mulheres atingidas


O modelo energético brasileiro e a violação dos direitos das mulheres

1. Energia para quê e para quem?

O Brasil faz grande propaganda de sua forma de produção de energia. Com 80% de sua matriz proveniente de energia hidrelétrica, nosso país se gaba de ter um sistema “limpo”, barato e eficiente, já que esse tipo de geração garante até 92% de aproveitamento, contra uma média de 30% dos combustíveis fósseis, que dominam a matriz mundial, não são renováveis e são poluentes.

Com 22 anos de organização em território nacional comemorados neste 14 de Março (Dia Internacional de Luta Contra a Barragens), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) vem fazendo um alerta que, para discutir esta questão, não basta olhar a forma de gerar energia, mas é preciso questionar para quê e para quem está servindo a produção de energia do país.

Na leitura do Movimento, o Brasil, por sua posição na divisão internacional do trabalho e pela existência de uma base natural vantajosa, vem tendo seu modelo energético voltado principalmente para o fornecimento de energia barata para grandes empresas transnacionais, chamadas eletrointensivas, que exploram e exportam produtos de baixo valor agregado, geram poucos empregos, pouco contribuem para a dinamização da indústria nacional e são as principais responsáveis pela degradação ambiental.

Por exemplo, a Tractebel, a maior dona das barragens privatizadas no Brasil, envia em média cerca de R$ 1 bilhão por ano para sua matriz na França, sem investir um centavo em território nacional. Das 12 empresas que mais remeteram lucros para fora do país, nove são do setor de energia.

Por seu baixo custo de produção, pelo alto valor de mercado (calculado com base no preço do petróleo) e pela superexploração dos trabalhadores do setor, a produção de energia no Brasil permite lucros extraordinários. Apesar disso, historicamente, os atingidos por barragens nunca compartilharam desses benefícios, muito pelo contrário. De mais de um milhão de atingidos no país, 70% não receberam nenhum tipo de indenização. E o quadro de violação de direitos só piorou com a privatização do setor elétrico na década de 90.

Na atual conjuntura, a crise do capital intensifica a corrida rumo à exploração das bases naturais vantajosas e aumenta o grau de exploração de trabalhadores e trabalhadoras. Em uma conjuntura de crise como esta, as mulheres são as que mais sofrem com a fome e a violência.

 2. Mulheres: as mais atingidas

Em sua busca por compreender a realidade do impacto das barragens no Brasil, o MAB concluiu que, dentre a população atingida, seja rural ou urbana, as mulheres são a parte atingida de forma mais intensa e que tem seus direitos humanos mais brutalmente violados.

Isso acontece porque as mulheres ainda se encontram – apesar de todos os avanços históricos conquistados pela luta feminista -, em posição de subalternidade com relação aos homens. Os dados mostram isso: que a cada 15 segundo uma mulher é assassinada no mundo e 90% dos casos a violência acontece dentro de sua própria casa. No Brasil, a cada 2 horas uma mulher é assassinada. Os casos de estrupo aumentaram 157% no Brasil nos últimos 3 anos.

Essa posição de submissão não tem nada de biológica e não é simplesmente cultural, mas decorre da divisão sexual do trabalho, segundo a qual, historicamente, foram determinadas práticas diferentes para homens e mulheres com valores distintos atribuídos a elas. Assim, aos homens coube o trabalho produtivo, aquele que se dá no espaço público, enquanto as mulheres foram atreladas aotrabalho reprodutivo e à esfera privada. Enquanto o trabalho do homem é valorizado, o da mulher é visto como um não-trabalho, um dever natural e que deve ser feito por amor.

Um dos fatores de violação dos direitos das mulheres atingidas diz respeito diretamente ao não-reconhecimento do trabalho. Por exemplo, no cálculo da indenização para os atingidos pela barragem de Itá (Santa Catarina, 1987), a força de trabalho de uma mulher adulta foi considerada como 80% da de um homem da mesma faixa etária. Para os idosos, enquanto a força de trabalho masculina foi reduzida à metade, a das mulheres caiu para 25% de um homem adulto.

Quando as mulheres vão para o mercado de trabalho, seu salário é visto como um “complemento” ao do homem e não à toa elas vão parar nos trabalhos mais precarizados. Uma mulher negra, por exemplo, chega a ganhar 70% menos que um homem branco. Com isso, quando é imposta a barragem, elas sofrem mais diretamente a perda de suas fontes de renda, em geral trabalhos autônomos e informais, que dependem dos vínculos comunitários que são dissolvidos.

As mulheres também são mais diretamente afetadas com a desagregação da comunidade, pois, pelo papel que ocupam no cuidado da casa e dos filhos, dependem de uma rede de apoio de vizinhos e familiares, seja no trato com as crianças e os idosos, na garantia da alimentação, entre outras coisas.

Sem contar que ainda hoje na maior parte dos casos o conceito de atingido adotado pelas empresas é o territorial-patrimonialista, ou seja, quem não for proprietário da terra não é considerado atingido. As mulheres ainda são a minoria entre os titulares de propriedades, ficando sem reconhecimento como atingidas e permanecendo na dependência de seus maridos ou familiares.

Para além das violações decorrentes da construção das obras, as mulheres também são vítimas das contradições do modelo energético. A ausência de energia e água, situação precária a que muitas famílias atingidas são submetidas, torna o trabalho das mulheres muito mais árduo, pois elas acabam gastando mais energia humana para compensar a falta de energia elétrica em casa, além de ter que percorrer grandes distâncias para conseguir água para a família.

Outro reflexo da opressão é a ausência das mulheres nos espaços deliberativos. A voz sufocada das mulheres no espaço público (ou político) é uma consequência de sua circunscrição à esfera privada. Os homens, seus maridos, irmãos e pais, oferecem resistência à sua participação nas reuniões sobre a implantação da barragem, pois não reconhecem na opinião delas força política.

3. Um exemplo emblemático: Belo Monte

Belo Monte se tornou um marco de um modelo de desenvolvimento que prioriza o lucro e desrespeita a natureza e os direitos humanos. Com relação à intensidade com que as mulheres são atingidas, não é diferente do histórico das barragens construídas no Brasil.

A barragem de Belo Monte vai atingir e desalojar mais de cinco mil famílias (mais ou menos 20.000 pessoas) moradoras dos chamados “Baixões” da cidade de Altamira, áreas alagadas, onde predominam casas de palafita. Nessas regiões, enquanto os homens tendem a olhar mais para os benefícios da construção da obra, com a geração de numerosos empregos, as mulheres arcam mais com os ônus, que incluem a perda da casa e dos laços comunitários, o inchaço das estruturas públicas da cidade (escolas, creches, hospitais), o aumento da violência urbana e o tráfico, entre outros.

Além disso, a maioria das famílias atingidas de Altamira são indígenas e ribeirinhas, com um alto índice de analfabetismo e o problema é mais grave entre as mulheres. O analfabetismo deixa os atingidos e atingidas mais desprotegidos e sob risco de serem ludibriados pela empresa.

Outro drama bastante reconhecido da construção de barragens diz respeito ao incentivo à prostituição e tráfico de mulheres, problemas que acontecem com conivência das empresas e envolvem em geral pessoas de alto poder aquisitivo e político nas regiões.

No início deste ano, a polícia desarticulou uma casa de prostituição onde havia mulheres, inclusive menores de idade, vivendo em condição de escravidão e cárcere privado. A Norte Energia, dona de Belo Monte, e o Consórcio Construtor Belo Monte, negaram conhecer o local, que, no entanto, fica na estrada que dá acesso a um dos canteiros de obra e dentro da área declarada de interesse público para a usina.

É lamentável, mas estes fatos são recorrentes de obra em obra, basta lembrar dos casos recentes das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira (RO). Nos espaços de construção das hidrelétricas, as mulheres são mais uma mercadoria de entretenimento para distração dos operários. O Estado não toma medidas e nem há programas de proteção às mulheres nesses espaços. As denúncias são deflagradas e tornam-se notícias, mas não se avança em medidas estruturantes.

4. Desafios e conquistas

Nos últimos anos, o Movimento dos Atingidos por Barragens vem aprofundando sua discussão sobre a opressão das mulheres e a violação de seus direitos. Essa constatação vem refletindo nas ações tomadas pelo MAB, mas ainda há muitos desafios a se superar no interior do Movimento, pelas próprias mulheres,  e na sociedade como um todo.

Um dos aspectos em que o MAB vem buscando avançar é com relação à formulação da política de direitos dos atingidos junto ao Governo Federal, dado que não existe no Brasil até hoje marco legal que dê garantias às populações atingidas. Nesta política, o MAB tem buscado garantir a igualdade de reconhecimento das mulheres, além de ressaltar a necessidade de se implementar planos e programas específicos para fortalece-las e reduzir sua desigualdade econômica, social e política.

Para a barragem de Barra Grande (Rio Grande do Sul, 2002), por exemplo, a luta das atingidas e dos atingidos conseguiu garantir que as forças de trabalho dos homens e das mulheres fossem consideradas iguais para fins de indenização. No entanto, é necessário que estes avanços estejam reconhecidos em lei para que sirvam de parâmetro em todas as áreas em que se construam barragens no Brasil e não fiquem restritos à negociação com uma empresa específica.

O Movimento também vem buscando fortalecer a participação e a inserção política das mulheres em todas as suas instâncias, provocando-nos a assumir espaços de coordenação dos grupos de base, direção, discutir a produção, entre outros. Dentro desse marco, foi realizado em 2011 o Encontro Nacional das Mulheres, no qual mais de 500 mulheres atingidas de todo o Brasil foram recebidas pela presidenta Dilma Rousseff.

No jeito de fazer a luta dos atingidos e atingidas por barragens, também existe a preocupação permanente em garantir conquistas concretas que melhorem de fato a vida das mulheres, como o acesso a energia elétrica, incentivos à produção de alimentos saudáveis através de hortas orgânicas, tecnologias sociais de armazenamento e aquecimento de água, entre outros.

Reconhecendo e valorizando esses avanços, o MAB reconhece que há muito ainda que se fazer para reduzir a desigualdade de gênero na sociedade e nos movimentos sociais. Cada vez mais precisamos engajar mulheres e homens para construir o Projeto Energético Popular. Esta é nossa contribuição na construção de um Projeto Popular para o Brasil, que precisa ser obra de toda a classe oprimida: trabalhadores e trabalhadoras, atingidos e atingidas, brasileiros e brasileiras.

Originalmente postado no site do Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB, 13/03/2013.


quinta-feira, 21 de março de 2013

Belo Monte: situação caótica da Funai em Altamira preocupa MPF


Procuradores querem rigor da Fundação contra a Norte Energia, que não cumpriu as condicionantes previstas para estruturar o atendimento aos indígenas impactados pela usina

O Ministério Público Federal recomendou à Fundação Nacional do Índio melhorias urgentes no atendimento aos índios na região de Altamira e mais rigor na fiscalização das responsabilidades da Norte Energia expressamente previstas como condicionantes no licenciamento de Belo Monte. Em vistoria no prédio da Fundação em fevereiro, perito do MPF constatou um ambiente caótico, sujo, sem condições dignas para os servidores e para os indígenas.

A Licença de Instalação concedida à Norte Energia estabeleceu que o empreendimento só teria viabilidade se houvesse “maciço e imediato investimento governamental” com a contribuição do empreendedor para o fortalecimento institucional da Funai, em virtude dos severos impactos provocados por Belo Monte e diante da incapacidade do escritório local de atender as demandas das populações indígenas.

Logo depois de receber a licença, a Norte Energia chegou a assinar um termo de compromisso com a Funai em que estava previsto o dito fortalecimento institucional, incluindo a construção de uma nova sede para a Fundação em Altamira, a contratação de equipe técnica, doação de equipamentos, material de consumo e prestação de serviços de manutenção. Mas o compromisso, considerado pelo MPF como insuficiente mesmo se fosse cumprido, expirou no ano passado, com execução apenas parcial. A nova sede nunca ficou pronta.

No ano passado, o MPF abriu um inquérito civil depois de receber manifesto dos servidores da Funai relatando as precárias condições de trabalho e a incapacidade do órgão indigenista de atender aos índios afetados por Belo Monte. Durante o inquérito, as procuradoras da República Thais Santi e Meliza Barbosa requisitaram informações à presidência da Funai, sem resposta.

Diante do silêncio da presidência, os mesmos questionamentos foram dirigidos então à Coordenação Regional Centro-Leste do Pará, da Funai, responsável pela região do médio Xingu. “A unidade da Funai não está em condições adequadas para atender as demandas decorrentes dos impactos causados pelo empreendimento”, foi a resposta, que ainda assinalava que “não ocorreu o fortalecimento institucional da Funai em Altamira, e sim, o seu enfraquecimento”.

Para o MPF, o inquérito revelou uma “realidade inaceitável”, de responsabilidade da Funai e da Norte Energia. A Funai deve adotar medidas administrativas tanto para garantir o fortalecimento institucional quanto para garantir que a Norte Energia cumpra suas obrigações socioambientais. A presidente da Fundação Marta Azevedo tem prazos de sete a 20 dias para tomar medidas para resolver a situação da sede, garantir o cumprimento das condicionantes e informá-las ao MPF.

“Em caso de impossibilidade de cumprimento da presente recomendação por vontade exclusiva do empreendedor, a Funai deverá comunicar oficialmente tal fato ao Ministério Público Federal”, concluem os procuradores Thais Santi, Meliza Barbosa, Ubiratan Cazetta e Felício Pontes Jr, signatários da recomendação.

O MPF recomendou à Funai:

  • Que adote as medidas adequadas e necessárias para exigir da Norte Energia o cumprimento imediato do termo de compromisso assinado como parte das condicionantes e até hoje não executado;

  • Que adote as medidas adequadas e necessárias para que as medidas condicionantes previstas na Licença de Instalação sejam cumpridas enquanto durarem os efeitos da construção e financiamento de Belo Monte, independente da vigência de convênios ou termos de compromisso;

  • Que apresente relatório detalhado sobre a demanda excedente da Coordenação Regional Centro-Leste do Pará gerada pela construção da Usina de Belo Monte;

  • Que avalie a conveniência de notificar à Advocacia Geral da União quanto à necessidade da presença constante de um procurador federal da Funai em Altamira.


Ministério Público Federal no Pará
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Seminário discute modelo de desenvolvimento e violações de direitos humanos na Amazônia



A cidade de Itaituba, localizada no Oeste do Pará, receberá nos dia 22 e 23 de março o Seminário Regional “Desenvolvimento e Direitos Humanos na Amazônia”, realizado pela Terra de Direitos. As diversas violações causadas pela expansão do agronegócio, exploração mineral e avanço do projeto de construção do Complexo Hidrelétrico Tapajós estarão no centro do debate.

O seminário pretende proporcionar o aprofundamento sobre os impactos do desenvolvimento regional, os principais desafios enfrentados pelas comunidades no Oeste do Pará e as formas de articulação entre as lutas dos povos prejudicados pelo modelo de desenvolvimento em curso.

Estarão presentes no Seminário povos e comunidades tradicionais diretamente afetadas, como quilombolas, extrativistas, indígenas, ribeirinhos, e trabalhadores rurais, dos municípios de Santarém, Prainha, Itaituba, Aveiros e do Alto Tapajós. Movimentos sociais, entidades, professores, pesquisadores e estudantes também participarão do encontro.

Projeto

A atividade integra o projeto “Direitos Humanos e Desenvolvimento no Oeste do Pará”, realizado pela Terra de Direitos com apoiado da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

Desde o início de 2012, a equipe de assessoria jurídica da terra de Direitos de Santarém tem desenvolvido ações a partir do diálogo com as comunidades, da realidade local, das questões específicas de cada segmento e também das dificuldades em comum entre os povos da floresta. O objetivo do trabalho é contribuir para a garantia dos direitos humanos em âmbito regional e para a articulação e fortalecimento da resistência das comunidades.

Programação

Dia 22/03 (sexta-feira)
MANHÃ
09h30 – MESA 1 – Direitos humanos, povos tradicionais e desenvolvimento na Amazônia.
11h – Debates

TARDE
14h – MESA 2 – Grandes projetos e impactos nos direitos humanos
16h – Debates
17h – Grupos de Discussão:
• Grupo 1: Territórios de direitos x Compensações
• Grupo 2: Agronegócio
• Grupo 3: Projetos de Infraestrutura/Hidrelétricas

Dia 23/03 (sábado)
MANHÃ
09h– MESA 3 – A justiça no contexto dos direitos humanos na Amazônia
- Análise do Processo de Regulamentação do Direito de Consulta – Convenção 169 da OIT

TARDE
14h – MESA 4 – Desenvolvimento e luta por direitos na região Oeste do Pará
Plenária de movimentos e organizações sociais
16h – Plenária/discussão sobre os encaminhamentos dos GD´s
17h – Encerramento

Originalmente postado no site Terra de Direitos, 18/03/2013.


MAB faz manifestação contra barragens no Tapajós


A atividade foi parte da Jornada Nacional de Lutas contra as barragens, pelos rios, pela água e pela vida

Foto: Thaís Lervolino
Cerca de 100 pessoas organizadas no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) participaram do Seminário Barragens no Tapajós: desenvolvimento para quê e para quem? realizado nesta segunda e terça-feira (11 e 12) na cidade de Itaituba, oeste do Pará. Entre os participantes estavam moradores de comunidades ameaçadas, representantes dos pescadores, do movimento de mulheres e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade de Trairão, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itaituba, da Comissão Pastoral da Terra, da Pastoral da Juventude, além de membros do povo indígena Munduruku.

Durante o Seminário, os participantes debateram as falsas promessas anunciadas em torno da possível construção de cinco barragens nos rios Tapajós e Jamanxim, incluindo as hidrelétricas de Jatobá e São Luiz do Tapajós, que poderão alagar uma superfície de terra superior a cidade de São Paulo. Na oportunidade, os presentes reafirmaram o compromisso com a preservação da natureza, a manutenção do modo de vida das populações ribeirinhas, o direito dos povos indígenas e o respeito aos seus locais sagrados que poderão desaparecer caso as obras sejam feitas.

“O MAB é contra a construção das hidrelétricas na bacia do rio Tapajós porque, além de causarem uma imensa destruição ambiental e um incalculável prejuízo para os povos indígenas, elas não estarão a serviço da população e sim para atender uma demanda das grandes empresas construtoras de barragens”, afirma Thiago Alves, membro da direção estadual do MAB. O mesmo ainda ressalta que “as hidrelétricas no Tapajós faz parte de um pacote de grandes empreendimentos, que incluem portos, hidrovias e, principalmente, o avanço da soja na região”.

Para José Odair Pereira Matos, presidente da comunidade ameaçada de Pimental e militante do MAB “é importante resistir às barragens porque é necessário preservar nossa história, o nosso modo de vida ribeirinho, a tranquilidade em que vivemos, enfim, tudo que estas obras vão destruir se forem feitas. É necessário fortalecer a organização e buscar um outro desenvolvimento”. Para Odair é também preciso contestar os estudos prévios que estão em andamento “que ignoram uma grande quantidade de pessoas que dependem do rio e da terra para sobreviver e que ficarão sem isso caso as barragens saiam do papel”, afirma.

Manifestação diz NÃO as barragens no Tapajós

Como parte das atividades do Seminário, os participantes fizeram uma intervenção na seção ordinária da Câmara Municipal de Itaituba com o objetivo de divulgar o debate realizado. Depois de muita pressão contra a mesa diretora que queria dificultar o acesso dos manifestantes a tribuna, os militantes utilizaram o tempo conquistado para denunciar a violação de direitos por parte das empresas que querem fazer as barragens, falar em defesa das comunidades tradicionais e dos povos indígenas e reafirmar que é preciso exercer o direito de dizer NÃO às barragens e lutar por outro modelo de desenvolvimento sem hidrelétricas.

Foto: Thaís Lervolino
Entre os muitos que falaram na tribuna esteve Juarez Saw, cacique da Aldeia Sawre Muy Bu, que falou em nome do povo Munduruku afirmando que “do alto ao baixo Tapajós seu povo diz não a construção de barragens e que estão dispostos a entrar em guerra para defender nosso território”. Para ele é preciso também fortalecer a parceria com outras entidades “para a resistência ficar mais forte”.

Para Cleidiane Santos, da coordenação nacional do MAB, este foi um importante momento de mobilização e luta contra estes grandes projetos na região. “Queremos reunir a população do campo e da cidade em toda a região para fazer a resistência e construir coletivamente uma alternativa a este desenvolvimento que vem com muitas promessas e no final deixa apenas um rastro de destruição e de riqueza para poucos. Hoje foi apenas mais um passo na luta do povo que crescerá a cada dia”, afirmou.

Originalmente postado no site do Movimento dosAtingidos por Barragens (MAB), 12/03/2013.


Processos judiciais do caso Belo Monte são publicados na íntegra pelo MPF


Objetivo é tornar acessíveis à sociedade detalhes sobre a obra mais cara do país

O Ministério Público Federal (MPF) no Pará publicou na internet o conteúdo integral de sete dos 15 processos iniciados a partir de ações ajuizadas pela instituição referentes ao projeto da hidrelétrica de Belo Monte. O objetivo é permitir à população acesso fácil e rápido a informações sobre a obra mais cara do país. A publicação dos demais processos será realizada assim que o trabalho de digitalização do material for concluído.

Os processos já publicados (veja lista abaixo) tratam de diversas ilegalidades, como a tentativa de repassar para o Estado do Pará a realização de um licenciamento que deve ser feito na esfera federal, a aceitação de estudos incompletos sobre os impactos ambientais e a não apresentação, no tempo legal, da avaliação ambiental integrada dos impactos na bacia do Xingu.

Também são apresentados os casos que denunciam o aproveitamento de recursos hídricos em terras indígenas mesmo sem regulamentação, a utilização de licenças não previstas na legislação, o não cumprimento de medidas obrigatórias de prevenção e redução dos impactos, os riscos de remoção de povos indígenas e a violação aos direitos da natureza e das gerações futuras.

A publicação na íntegra dos processos do caso Belo Monte antecede as comemorações do primeiro aniversário da vigência da Lei de Acesso à Informação Pública (lei 12.527, que entrou em vigor em 16 de maio de 2012).

“O MPF quer incentivar a pesquisa acadêmica em relação a esses casos e também demonstrar as contradições do governo nos argumentos em favor do projeto”, explica o procurador da República Felício Pontes Jr., um dos membros do MPF no Pará que atuam nos diversos processos.

Para os procuradores da República, dar a máxima transparência a todas as etapas desses processos é uma forma de informar a sociedade, a imprensa, e, de modo específico, profissionais e pesquisadores do direito, das várias áreas das ciências sociais, da biologia, das engenharias, oceanografia e várias outras especialidades. “Tem crescido muito a demanda por informações sobre o caso Belo Monte para dissertações de mestrado, teses de doutorado e trabalhos de conclusão de curso”, informa Pontes Jr.

Dos 15 processos, apenas o primeiro já foi teve julgamento definitivo pela Justiça. Por isso, o conteúdo integral dos demais processos publicados pelo MPF está atualizado até a última tramitação processual.

Acesso aos processos:

Número: 2001.39.00.005867-6
Tema: ação civil pública (ACP) para garantir que o licenciamento de Belo Monte seja feito pelo Ibama e não pelo órgão estadual, como quer a Eletronorte, e para seja impedida a contratação da Fadesp para os Estudos, sem licitação


Número: 25779-77.2010.4.01.3900
Tema: ACP para anular o aceite do Eia-Rima incompleto pelo Ibama e também a Avaliação Ambiental Integrada


Número: 25997-08.2010.4.01.3900
Tema: ACP para suspender a licença prévia e o leilão até que seja regulamentado o aproveitamento de recursos hídricos em Terras Indígenas, conforme artigo 176 da Constituição


Número: 968-19.2011.4.01.3900
Tema: ACP para suspender a Licença Parcial de Instalação concedida pelo Ibama sem previsão na Legislação Ambiental


Número: 18026-35.2011.4.01.3900
Tema: ACP para suspender a Licença de Instalação concedida pelo Ibama sem que as condicionantes impostas pelo próprio Ibama tenham sido cumpridas


Número: 28944-98.2011.4.01.3900
Tema: ACP para suspender as obras para evitar a remoção dos povos indígenas Arara e Juruna e para assegurar o respeito ao direito da natureza e das gerações futuras


Número: 20224-11.2012.4.01.3900
Tema: ação cautelar para suspender a Licença de Instalação diante do não-cumprimento das condicionantes de Belo Monte


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quarta-feira, 20 de março de 2013

Noite de autógrafos e palestra com a autora do livro GALACTOLATRIA

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Petição "Fernando Haddad, prefeito de São Paulo: Inclua hortas e compostagem no Plano de Metas de São Paulo"



No dia 31 de março de 2013 a Prefeitura de São Paulo terá que apresentar um Plano de Metas para a gestão do Prefeito Fernando Haddad. Este é um processo importante para definir o que será prioridade nos próximos quatro anos de gestão do novo prefeito.

Como o Prefeito Haddad, durante a sua campanha eleitoral, assinou a carta de compromissos da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, que prevê a adoção de políticas para estimular o cultivo sem venenos, temos bons instrumentos para acreditar que ele realmente incluirá nossa prática de agroecologia urbana no plano de metas! No ajude a garantir que isso ocorra assinando a petição "Fernando Haddad, prefeito de São Paulo: Inclua hortas e compostagem no Plano de Metas de São Paulo" e a divulgando para seus contatos.